Ataques a escolas levantam novo debate sobre videogames

Os recentes ataques a escolas ocorridos em alguns estados têm causado consternação e tristeza. É alarmante ver esses eventos acontecerem em uma escala tão ampla e em curtos períodos de tempo. Em alguns países, ataques e massacres não são divulgados pela imprensa, uma vez que as forças de segurança e estudiosos entenderam que notícias sobre esses eventos podem motivar novos ataques. Alguns dos perpetradores chegam a compartilhar em fóruns proibidos suas intenções e são ovacionados por outras pessoas.

No Brasil, alguns veículos de mídia estão tomando providências semelhantes, como o Grupo Globo, que decidiu não divulgar mais os nomes e imagens dos autores de ataques. Nesse contexto, políticos de todo o país têm se manifestado de várias formas, por meio de textos, vídeos e posts nas redes sociais. Projetos de lei foram apresentados, frentes foram criadas e atores políticos se mobilizaram de diversas maneiras.

É comum que alguns players culpem os videogames de forma simplista quando casos extremos acontecem. Apesar de pesquisas já terem mostrado que não há uma ligação direta entre jogar jogos violentos e comportamentos violentos na vida real, essa narrativa ainda volta à tona de tempos em tempos. Em 2019, o ex-vice-presidente do Brasil, General Mourão, foi uma das pessoas que estabeleceu uma conexão entre o atentado a uma escola em Suzano, cidade do interior de São Paulo, e jogos violentos.

Diversas revisões de literatura, que analisam várias pesquisas e estudos sobre a relação entre jogos e violência, não encontraram evidências convincentes de que jogar jogos violentos esteja diretamente associado a comportamentos violentos na vida real. Essas revisões foram conduzidas por instituições como a American Psychological Association (APA), a American Academy of Pediatrics (AAP) e a Royal Society. A violência é um comportamento complexo e multifatorial, influenciado por uma série de fatores, como ambiente familiar, contexto social, predisposição genética, entre outros.

O tema da violência nas escolas deve ser debatido de forma séria e consistente, visando a proteção das unidades escolares, professores, profissionais e, principalmente, dos alunos. É necessário investir em mais segurança, novos métodos de monitoramento, assistência psicológica e recursos para lidar com momentos de tensão. Ao analisarmos mais atentamente o ponto de vista da comunicação, fica claro que questões importantes muitas vezes são tratadas de forma populista, e os parlamentares as utilizam de maneira irresponsável. O deputado Zé do Trovão (PL-SC) é novo protagonista da briga contra os jogos.

Não sabemos aonde esse embate vai dar, mas torcemos que propostas firmes e ações efetivas sejam colocadas em prática e ataques sejam minimizados.

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