A tecnologia, evidentemente, mudou a forma como as eleições são pensadas. A aderência das urnas eletrônicas a partir de meados dos anos 90 foi um início das mudanças no processo eleitoral no Brasil. Porém, a chegada dos meios digitais foi quem ocasionou mais transformações.
O número cada vez maior de pessoas conectadas à internet no Brasil, que segundo a TIC domicílios, chega a 156 milhões, indica que uma comunicação, que antes era majoritariamente feita no “cara a cara” ou pela propaganda eleitoral da televisão, estão se estendendo para plataformas da web.
Sendo assim, o processo eleitoral acaba sendo impactado pelo avanço dos meios digitais. As redes sociais são o maior expoente dessa realidade, visto que, de acordo com o DataSenado, 45% da população tem os votos influenciados por essas mídias. A velocidade, praticidade e alcance da internet é uma importante chave para o crescimento dessas plataformas enquanto formadoras de opinião no meio político.
Se tratando de eleições municipais, existem certas variáveis na comunicação por conta das diferenças nas localidades. Os números expostos pelo TIC domicílios expõem que 84% da população possui acesso à algum tipo de rede, assim, infere-se que 16% ainda não dispõe desse meio. Portanto, a estratégia de campanha deve ser alterada em casos onde o eleitorado não consuma as informações por um ou outro determinado canal.
Por exemplo, em uma cidade afastada onde a maioria dos moradores não possui acesso à internet, não faz sentido o uso de propaganda via web na região, sendo necessário, dessa forma, que outros meios sejam encontrados, tais como carros de som, cartazes etc. No entanto, de modo geral, tal como foi expresso nos números, é possível notar que, na maioria dos casos, a utilização das mídias sociais se sobressai às demais, e isso tende a aumentar cada vez mais, fazendo com que as constantes transformações na propaganda eleitoral tomem conta do cotidiano de todos os eleitores.
Com as eleições municipais de 2024 se aproximando, é esperado que a produção de conteúdos de propaganda política na internet seja massiva e que essa realidade exposta se comprove na grande maioria dos locais. Entendendo que as mídias digitais, tais como as redes sociais, trazem muitos benefícios e permitem que muitos candidatos façam campanhas sem saírem de casa, é possível que muitos sejam eleitos com pouca “presença na rua”. Porém, é indispensável lembrar que campanhas políticas ainda são feitas com olho no olho e as pessoas tendem a esperar encontrar seus candidatos. Por isso, fazer o uso do digital bem feito e mesclar com atividades externas é muito importante.
Para Márcio Lemos, CEO da ML Comunicações, o digital mudou muito o jeito de fazer comunicação política. “Hoje temos um acesso mais rápido às pessoas. As notícias que antes só chegavam aos eleitores quando a imprensa liberava, agora podem ser reverberadas em instantes. Esse é o poder dos meios digitais: falar com muita gente de forma rápida e, na comunicação política, de maneira estratégica”, apontou Márcio.